Pesquisar este blog

domingo, 15 de agosto de 2010

Retrocesso

Bom dia pessoas! tudo bem?
Que belo domingo não? um bom domingo nublado e frio, bom para pegar uma gripe!

Brincadeiras a parte, hoje o papo é sério, vamos falar de racismo!
Recentemente em conversas on-line com amigos fiquei sabendo que corre na iternet um manifesto em defesa da "cultura paulista" (http://www.petitiononline.com/estadosp/. Dentre outras coisas o manifesto afirma que as migrações para a capital paulista ao longo do século XX (sobretudo a nordestina) foi prejudicial a cultura genuinamente paulistana. O documento começa com os seguintes dizeres:

Nenhuma Discriminação é mais brutal do que a discriminação contra si mesmo.
O paulista olha ao seu redor e se vê um estrangeiro em sua própria terra. Presencia desrespeitos e hábitos impostos. Alta criminalidade, hospitais superlotados. Isto tudo relacionado à migração nordestina que a nossa terra sofreu nos últimos tempos


Ora pois cara pálida, se há uma tradição, uma cultura paulistana (tendo em vista que toda tradição é inventada) é a tradição migrante. Quem em São Paulo não é filho, neto ou bisneto de um (i)migrante? O censo de 1920 mostrava que a população de São Paulo era composta em mais de 50% por imigrantes (italianos, espanhóis, portugueses, etc) em 1940 era percentual havia caído para 1/3, mas ainda relevante. Agora por a culpa na migração desordenada como motivos dos males sociais da cidade, tratar que paulistanos são apenas aqueles descedentes de índios e portugueses é um retrocesso! Esse debate foi muito comum durante o IV Centenário (1954) quando o fevor regionalista paulista fez nos auto definir como "Locomotiva do país", "Sem São Paulo Brasil não é nada", fomentou rivalidades com os vizinhos cariocas(tidos por folgados) e mineiros (como traiçoeiros). Esse debate já foi superado! Passado! Não pode voltar!

Em entrevista ao portal do Terra (http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4605938-EI6594,00-Em+manifesto+na+web+jovens+paulistas+criticam+migracao.html), o porta voz do grupo xenófobo defende uma migração controlada não só de nordestinos como de outras localidades (mineiros, interioranos e goianos, etc.). Gente, isso é segregação! Algo igual foi feito no Apartheid sul-africano onde negros, coloreds (indianos, malaios, chineses) e brancos tinham espaços definidos dentro do território sul-africano. Além de ser contra o direito de ir e vir do cidadão.

Mas não culpo a visão estreita desse grupo de universitários, culpo a estrutura da cidade fazer isso, culpo a classe média paulistana que é racista e segregacionista. Uma cidade onde há uma ponte chamada "imigrante nordestino" pode parecer uma homenagem, mas a palavra imigrante por si, já considera o nordestino como um estrangeiro. Uma sociedade que rotula todo porteiro como sendo um imigrante nordestino, que define bairros, verdadeiros guetos, como "bairros de forte presença nordestina", isso não é lisonjeiro.

Termino com uma frase retirada de um jornal da década de 1940 (Crônica Israelita): "Toda forma de racismo, além de infantil, é burro!". Se a política de controle de (i)migração (tanto de nordestinos, como de outras regiões) fosse empreendida como esse pessoal deseja, não teríamos mentes brilhantes como Paulo Freire (grande pedagogo), Evaldo Cabral de Mello (professor da USP), Jacob Gorender, além de muitos outros como o autor desse blog, cujos pais vieram da longíqua Ituverava no interior de São Paulo durante a década de 1950.
Para me despedir, ponho um vídeo que explica como é bonita e deve ser incentivada a diversidade:

Nenhum comentário:

Postar um comentário