Pesquisar este blog

domingo, 14 de agosto de 2011

Feliz dia dos Pais

Quando iniciei este Blog no ano passado, ele era para ser pessoal, de opinião profissional pessoal, mas não intimista. Os últimos acontecimentos, felizmente ótimos, me fez tornar esse blog mais intimista. É uma mudança boa, me tornou mais aberto e sensível aos fatos do cotidiano e assim poder aproveitar melhor as sensações que me cercam e para isso tenho que agradecer a minha namorada, mulher e acima de tudo companheira Suyanne Correia.
O post a seguir é extremamente pessoal e longo, talvez possa não interessá-lo, portanto já te economizo tempo se você desejar.
Pois Bem! Hoje (14\08\2011) é o conhecidíssimo dias dos pais no Brasil. Apesar de ser uma data comercial implantada na década de 1950 é uma data que aflora nas pessoas sentimentos mais ocultos de admiração ou raiva por aquele que é considerado o rei da casa. Mas de qualquer forma faz surgir sentimentos que desestabilizam as pessoas.
A relação entre pais e filhos é algo bem dinâmico. Ele pode ser o herói que vem salvar seu fiel escudeiro ou sua princesa e ao mesmo tempo pode ser o bandido que evita você de ir a festa e encontrar a sua princesa ou príncipe daquela noite. Ele pode ser filho e marido, mas sua maior responsabilidade é ser pai.
Perdi meu pai em uma terça-feira no dia 21 de Dezembro de 1993 aos 7 anos de idade. Lembro até hoje com nitidez todos os detalhes desse dia: eu acordando de madrugada e vendo em minha sala uma vizinha e uma prima que pediram para eu ir dormir e eu prontamente atendi, depois o no café da manhã minha casa cheia de parentes, logo após vem minha mãe com um semblante cansado veio me avisar do ocorrido na madrugada, minha avó entra aos prantos em casa acompanhada, chorando como nunca tinha visto antes.
Posteriormente me levaram no velório que era realizado no salão da Sociedade de Amigos do Bairro pois ele havia sido o fundador. Lembro de meus irmãos, estranhei pois só via meus irmãos nas férias pois moravam em São Paulo e eu em Ituverava, 410 km de distância. Minha irmã grávida sentada aos prantos com o rosto inchado de tanto chorar e meu cunhado logo atrás dela em pé. Quando me aproximo do caixão minha tia Terezinha me abraça chorando e diz que agora ele estaria em paz.
Eu como criança achei que aquele velório demorou bastante, lembro que quem fez o almoço em casa para todo mundo foi a tia Deva. Lembro do meu tio Joaquim comentando que o seu genro, cardiologista, havia comentado que o meu pai não tinha muito tempo de vida depois de um exame feito em Outubro, (Meu pai sofria da doença de Chagas que atingiu o seu coração), e meu tio Jarbas chorando no canto da cozinha.
No percurso entre o velório e o cemitério lembro de ir junto com minha mãe, mas não o carro, mas uma mulher fazendo o sinal da cruz durante o cortejo me marcou bastante. No cemitério lembro de depositarem o corpo e as coroas de flores, eram tantas coroas, mas tantas coroas que foi designado um carro só para levar as coroas. Meu pai era bem conhecido no meio político e esportivo da cidade, portanto conhecia muitas pessoas e tanto que há no Jardim Guanabara em Ituverava a Pça. Poliesportiva Miguel Barbosa da Luz.
Esse foi o dia que pela última vez vi o meu pai, mas não foi a última vez que o senti. Eu o sinto todos os dias, desde as minhas ações até em minhas lembranças. Apesar de conviver apenas 7 anos, o que são 7 anos? Mas foram 7 anos intensos e maravilhosos ao seu lado!
Lembro de quando ganhei meu primeiro cachorro chamado Dog (nome bem original), o seu sorriso com minha felicidade. De quando ele ia ao bar beber e conversar com seus amigos eu ia junto ou logo atrás correndo pedindo para ele me esperar e no bar eu lembro de observar ele conversando.Eu tinha a mania de pegar o saleiro do bar para comer sal, um dia o observando conversando eu peguei, sem querer, o copo de vinho de seu amigo. Imagine a sua cara de vergonha?!
Lembro de acompanhá-lo nos jogos de futebol do torneio municipal em que o time do Guanabara, bairro onde morávamos, jogava. Ou quando minha mãe saìa para visitar minha avó, ele ficava comigo e eu bagunçava a casa com as laranjas e cebolas da minha mãe. Ou mesmo de certa vez machucar o braço no vitrô da sala e o curativo quem fez foi ele, tenho até hoje no braço a cicatriz desse machucado.
Assim como todo pai me chamou a atenção, lembro das broncas, das palmadas, cintadas, todas e os seus motivos também, seja porque acertei um prato de inox em sua cabeça ou mesmo porque não queria entrar em sala de aula durante a primeira série, não esqueço a imagem dele entrando na escola Cap. Antônio Justino Faleiros tirando a cinta todo bravo e eu partindo para a sala de aula o mais rápido que pude. Adivinha qual foi a última foto dele? Foi puxando a minha orelha pois estava atrapalhando minha tia a ler um documento.
Mas a lembrança mais marcante é boa e carinhos: sou eu sentado junto com ele na varanda de casa embaixo daquele céu bonito de Ituverava cheio de estrelas e a lua cheia e ele cantando para mim Lua Bonita. Isso é marcante e maravilhoso e não há como descrever a satisfação de ter esse momento com meu pai.
E hoje no meu cotidiano levo muito do meu pai, principalmente o compromisso com meus ideais e ser verdadeiro sempre. Meu pai nunca mentiu para mim, mesmo eu sendo criança ele explicava que ele estava doente, ele iria morrer e que não queria que eu chorasse em seu enterro e como filho obediente eu não chorei em seu enterro. Lágrimas que ficaram guardadas e vieram hoje ao escrever esse texto.
Após sua morte, minha mãe ocupou de forma exemplar o espaço deixado por ele: foi quem me ensinou a me barbear, questões da sexualidade, papéis definidos aos pais. Meus irmãos e tios também ajudaram, mas igual a minha mãe não há. Esse post além de falar de meu pai é dedicado a ela, a quem admiro por sua história de vida.
Apesar da minha mãe tentar ocupar esse espaço vazio, até hoje sinto falta do meu pai. Não gosto dos dias dos pais, me trás sempre a lembrança e a saudade. Mas graças ao espelho que tive eu meu pai eu quero ter filhos e educá-los com os mesmos valores: compromisso com seus ideais e a ética e serem verdadeiros sempre.
Parabéns se você conseguiu chegar até esse ponto e obrigado por partilhar comigo. Se você ainda tem seu pai eu desejo que compartilhe momentos como eu tive com ele, se você é pai proporcione isso ao seu filho, não há sentimento melhor nesse mundo.

Feliz Dia dos Pais

3 comentários:

  1. Nossa, fiquei emocionada com seu relato! Tenho certeza que vc honra seu pai! bjo S2

    ResponderExcluir
  2. oww amor meu amo você dum tanto... e tenho muito orgulho se ser sua namorada e sua companheira. eu sempre imaginei compartilhar minha vida com alguém como você, às vezes me belisco pra acreditar que tudo que estamos vivendo é real. Que você existe e que é o meu namorado, o meu companheiro. Sei que essa data, dia dos pais é muito triste pra você, por isso foi muito bom escrever e comocar um pouco de tudo isso que você sentiu e continua sentindo pra fora, é como se aliviasse um pouco, não digo que agora vai deixar de ser triste ou doer menos a saudade, não.Mas amenize... com o tempo a gente aprende que algumas dores nunca passam, nós é que nos acostumamos a conviver com elas... e a saudades de uma pessoa muito amada que parte é uma destas dores... aprendemos a convivcer com ela. Só quero que você nunca esqueça que eu amo muito você e que sempre poderá contar comigo... na alegria ou na tristeza, ok? Beijo grande de quem só sabe te amar e querer seu bem!!!! :*

    ResponderExcluir