Há um certo tempo, escrevi aqui nesse blog (15\08\2010) repudiando o manifesto São Paulo para paulistas. Nesse manifesto o grupo questiona a presença nordestina em São Paulo por serem responsáveis pela deterioração de uma cultura tipicamente paulistana e sugerem a implantação de uma imigração controlada. No post eu questiono qual a cultura paulista e classifico essa atitude de simplesmente nazista.
De lá para a data atual, muitas coisas aconteceram e após as eleições e a vitória de Dilma tivemos o caso da Mayara Petruso (estudante de direito paulista e, no mínimo, infeliz) incitou a agressão a nordestinos por serem os responsáveis pela vitória petista e a derrota dos latifundiários tucanos e democratas. Um evento no mínimo degradante e desnecessário que sofreu intervenção da OAB em processo contra a estudante.
Nessa semana para a minha surpresa, vejo no Terra (http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4912532-EI6578,00-Grupo+denuncia+preconceito+contra+paulistas+na+Decradi.html) a notícia de que o MRSP (Movimento Republicano de São Paulo) está entrando com uma petição no DECRADI (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) por discriminação contra paulistas. Fizeram um dossiê com informações fornecidas por internautas simpatizantes do movimento contendo informações de comunidades e post em redes sociais incitando a suposta discriminação contra paulistas.
Em um sistema estritamente neutro, a petição do MRSP teria fundamento, mas não é o que ocorre. O contexto histórico da sociedade brasileira mostra que São Paulo abafou politicamente os outros estados nos primeiros 40 anos de República Velha com a oligarquia cafeeira, posteriormente nas décadas de 1950-1990 com o crescimento vertiginoso da indústria no Estado ganha a fama de locomotiva do país, mas o combustível dessa locomotiva foram os trabalhadores nordestinos. Mas isso para eles não é merecido de honra.
É anacrônico um movimento separatista no Brasil, mesmo o paulista de 1932 não houve por clamor da população contra a opressão do Estado Varguista, mas sim clamor da elite cafeeira que havia perdido o seu poder político e ansiava voltar a tê-lo. O patrono do movimento, o ex-presidente Washington Luís, o último da república velha, demonstra a mentalidade do movimento: elitista e conservador. Mais evidente anacronismo é a existência de tal movimento em pleno governo de um dos maiores estadistas do Brasil que é nordestino (Presidente Lula) com mais de 80% de aprovação pela população.
Ainda bem que participantes desse movimento (cerca de 2 mil pessoas) não estão nas altas esferas do poder público, mas mesmo assim o futuro ainda é tenebroso. A maioria dos integrantes são estudantes universitários, supostamente a mão de obra mais qualificada que um país pode ter e alguns podem alcançar daqui alguns anos a esfera pública. Concordo com a liberdade de expressão, mas um movimento que incita o ódio a pessoas de outras regiões deve ser extinto imediatamente. Não esqueçamos que o nazismo iniciou na década de 1920 em pleno governo social democrata como um movimento de beberrões e baderneiros de uma cervejaria de Munique. Em menos de seis meses, tiveram três aparições significativas e são pessoas que fazem parte do círculo que controlam o poder econômico do Estado e alguns podem vir a ser futuros políticos de extrema direita.
Infelizmente não existe apenas o MRSP no Brasil. Junto existe outros como “O Sul é meu país”. Esses movimentos devem ser combatidos, mas não com ódio e incitação de violência, mas sim de forma democrática em um Estado de Direito. Denuncie! Não deixe que o Brasil se divida em ódios regionais, não há nada medievalesco que isso, dividir em feudos, a Alemanha de 1933-1945 demonstrou bem qual o resultado de um país dividido por ódio ao outro.
Novamente, não vi outra música melhor para falar da união de brasileiros que Paratodos de Chico Buarque
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